IMIGRAMOS TODA A FAMÍLIA PARA A IRLANDA! Olha quanto gastamos.

No mais recente episódio do Bolder Podcast, apresentado por Fillipe Cardoso, conhecemos a história de Paula e Fernando, um casal de Curitiba (Região Metropolitana) que tomou uma das decisões mais ousadas na jornada da imigração: recomeçar a vida na Irlanda junto com suas duas filhas, Celina e Kira. Em vez de virem sozinhos primeiro, eles decidiram encarar o desafio em família, de mala e cuia.

Esta conversa é um verdadeiro guia de como imigrar para Irlanda em família, com dados específicos, perrengues reais e a linha de raciocínio que levou esta família a dar um salto no escuro.


A Decisão Ousada: Vender a Casa para Mudar de Vida

A ideia de morar fora sempre existiu, mas a oportunidade ganhou força quando a Paula e as meninas obtiveram a cidadania italiana através da avó dela. Depois de muita pesquisa e análise de critérios, o destino escolhido foi a Irlanda.

No Brasil, o casal tinha casa própria, carro e as meninas estudavam em escola particular, mas a situação financeira era de “vender o almoço para pagar a janta”, vivendo sempre no “zero a zero”. Para financiar a mudança, eles tomaram a decisão mais drástica: venderam a casa no Brasil para vir para a Irlanda. A venda da casa se tornou o capital necessário para aterrissar e se manter por um período.

“A gente não tinha dinheiro guardado para poder fazer uma viagem… ia demorar muitos anos pra gente conseguir juntar um dinheiro para que fosse possível pagar aluguel por um tempo até conseguir trabalho, porque é muito dinheiro”.

A Batalha por Acomodação: Golpes, Investigação e Altos Custos

A busca por moradia foi o primeiro grande desafio. Diferente da maioria, eles decidiram alugar o apartamento ainda do Brasil, indo “contra o que as pessoas falavam”.

O Choque de Valores: Quanto Custa Alugar em Dublin?

O casal queria ter a segurança de um lugar para as crianças logo na chegada. No processo, Paula quase caiu em um golpe ao ser solicitada a transferir uma quantia por uma conta que não era da Irlanda.

Eles só conseguiram fechar o primeiro aluguel através de um grupo de Facebook, mas o susto financeiro foi grande:

  • Regra de Aluguel: Na Irlanda, é comum pagar o primeiro aluguel e um depósito de segurança (calção), totalizando o valor de dois meses de aluguel.
  • Custo Inicial: O primeiro apartamento que alugaram custava €2.600 por mês. O valor inicial de aluguel mais depósito foi de €5.200, o que, na época, equivalia a R$ 30.000.
  • Investigação Sherlock Holmes: Para garantir que não era golpe, Paula fez uma “investigação”. Eles só pagaram o primeiro aluguel depois que um casal de influencers (que cobraram um valor baixo) pegou as chaves e confirmou que o apartamento existia e estava tudo certo, provando a idoneidade do locador.

Depois de seis meses, eles se mudaram para um apartamento melhor, também na região de Dublin 8, perto da Catedral e de escolas. O aluguel atual é de €2.400. A concorrência por imóveis em Dublin é altíssima, e o casal notou que ter crianças pequenas pode dificultar a aceitação por parte dos proprietários.

Mercado de Trabalho e Recomeço Profissional

O começo no mercado de trabalho foi árduo, como é comum para muitos imigrantes.

  • Paula (Trabalho): Conseguiu emprego em um hotel após um mês de chegada, começando em setembro.
  • Fernando (Trabalho): Como Analista de Redes no Brasil, ele estava “iludido” e queria logo um emprego na área, mas a necessidade falou mais alto. Conseguiu uma vaga em um armazém de comida congelada, operando em turnos de 12 horas e sofrendo muito com o frio.
    • Fernando descreve os sete meses nesse emprego como “horrível”, dormindo poucas horas por dia e só vendo a Paula nos momentos de troca de turno.
  • Avanço na Carreira: Hoje, Fernando está em uma empresa de tecnologia que fornece soluções para o varejo (Lidl), onde trabalha metade do tempo com logística e a outra metade com tarefas no computador. Ele vê o trabalho atual como um “pezinho” na sua área (analista de redes) e espera crescer na empresa.

Adaptação das Filhas: Creche, Escola e o Desafio do Idioma

O maior receio do casal era a adaptação da filha mais velha (Celina, que veio com 13 anos), mas ela se adaptou mais rápido que a caçula (Kira, que veio com 4 anos).

  • Celina (Maior): O inglês era fraco. Ela foi ajudada na escola por uma professora que usava iPad para tradução nos primeiros meses. O processo para conseguir vaga na escola foi difícil e exigiu insistência por parte da Paula, pois não havia vagas ou lista de espera em muitas instituições.
  • Kira (Menor): Teve mais dificuldade inicial por conta do idioma, mas um ano depois já está fluente e se comunica muito bem.

Subsídios e Custos com Creche: De €550 para €308 por Mês

Para a Kira, conseguir uma creche em período integral foi fundamental para que Fernando pudesse trabalhar. Inicialmente, o custo mensal da creche era de €550.

O casal explicou que a Irlanda oferece subsídios do governo (programas ECC e NCS) para custos com creche. Quando Fernando começou a trabalhar, eles conseguiram aumentar o benefício de 20 para 40 horas, e o custo mensal da creche (período integral) caiu para €308.

Qualidade de Vida: Segurança vs. O Lado Sombrio do Inverno

Perguntados sobre o que mais gostam, a resposta foi imediata: a segurança. Para Paula, o maior alívio como mãe é a Celina poder ir sozinha ao parque ou à casa das amigas, algo impensável no Brasil por conta do medo.

Por outro lado, o que mais desagrada é o inverno e a falta de luz. A escuridão que se estende por grande parte do dia “dá uma depressão”.

Outro ponto de qualidade de vida destacado por Paula é que a vida como veganos na Irlanda é muito mais fácil e acessível do que no Brasil. Um litro de leite de aveia, que custava R$ 20 no Brasil, tem o mesmo valor de um leite tradicional na Irlanda. Além disso, a dieta vegana é respeitada e incluída nas escolas.

O Conselho Financeiro Final: Quanto Dinheiro Trazer?

Para quem pensa em se mudar para a Irlanda, o casal enfatiza: pesquisem muito sobre a cultura e, principalmente, tragam bastante dinheiro.

Fernando sugere ter um dinheiro garantido para, pelo menos, seis meses de despesas básicas e aluguel. O valor razoável para vir com tranquilidade seria de 20.000€ (vinte mil euros).

A razão é simples: se demorar para conseguir o primeiro emprego, a família precisa de segurança para não passar perrengues, especialmente por terem crianças.

Conclusão: A Sensação de Estar no Lugar Certo

Apesar do frio, da escuridão e dos desafios do primeiro ano, a Paula resume o sentimento: ela ama o Brasil e sente saudade, mas aqui na Irlanda sente que está “no lugar que [ela] devia estar”.

A história de Paula e Fernando prova que imigrar para Irlanda em família é possível, mas exige planejamento, resiliência e, no caso deles, a coragem de vender tudo para dar o primeiro passo.

Se você gostou dos detalhes e números desta história, confira o episódio completo no YouTube do Bolder Podcast para entender toda a jornada. Deixe seu comentário: você teria a coragem de vender a casa para realizar o sonho de viver no exterior?

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